Neuropatia Periférica

A neuropatia periférica é um problema muito comum na prática neurológica.

Perda sensorial no pés muitas vezes passa despercebido, especialmente em pessoas com diabetes mellitus ou que são idosos; apenas 10% a 15% pacientes com diabetes mellitus relataram estar ciente de sua neuropatia.

A incidência e prevalência de neuropatia em geral aumentam com idade. A prevalência de uma polienuropatia provável ou definitiva em pessoas com mais de 80 anos de idade foi estimado em mais de 30% em um grande estudo populacional.

As etiologias da neuropatia periférica são inúmeras, ultrapassando 200 causas. Os sintomas e as funções comprometidas vão depender do tipo de nervos que estão danificados: motores, sensoriais ou mistos.

A Polineuropatia é caracterizada pelo envolvimento simétricos dos nervos, geralmente distal. A sintomatologia abrange fraqueza muscular com ou sem atrofia, distúrbios sensitivos, alterações autonômicas e tróficas e hiporreflexia ou arreflexia. As pernas são afetadas antes dos braços. A polineuropatia tem diversas causa e podem ser predominantemente sensitiva, motora ou mista.

Causas da Polineuropatia:

A polineuropatia pode ser causada por diversas condições e fatores, incluindo:

  • Diabetes Mellitus: Uma das causas mais comuns, levando à neuropatia diabética, que afeta principalmente os nervos das pernas e pés.
  • Deficiências Nutricionais: Deficiências de vitaminas, especialmente B1 (tiamina), B6 e B12, podem causar polineuropatia.
  • Doenças Autoimunes: Condições como a Síndrome de Guillain-Barré, lúpus e artrite reumatoide podem levar ao desenvolvimento de polineuropatia.
  • Infecções: Algumas infecções virais e bacterianas, como HIV/AIDS, hanseníase (lepra) e hepatite C, podem resultar em neuropatia.
  • Exposição a Toxinas: O contato com substâncias tóxicas, como metais pesados (chumbo, mercúrio) e certos produtos químicos, pode danificar os nervos.
  • Uso de Medicamentos: Alguns medicamentos, como os quimioterápicos, podem ter efeitos colaterais que causam polineuropatia.
  • Alcoolismo: O consumo excessivo e prolongado de álcool pode levar a deficiências nutricionais e dano direto aos nervos.
  • Doenças Hereditárias: Certas condições genéticas, como a doença de Charcot-Marie-Tooth, afetam os nervos periféricos.
  • Insuficiência Renal: A uremia, causada por insuficiência renal, pode levar à polineuropatia.
  • Trauma ou Compressão Nervosa Prolongada: Traumas físicos ou compressão prolongada dos nervos podem resultar em neuropatia.

Sintomas da Polineuropatia:

Os sintomas variam dependendo dos nervos afetados e podem incluir:

  • Dormência e Formigamento: Sensações de dormência, formigamento ou “agulhadas” geralmente começam nas extremidades (pés e mãos) e podem se espalhar.
  • Dor: A dor neuropática pode ser uma dor aguda, em queimação ou uma dor crônica constante, mais frequentemente sentida nos pés e nas pernas.
  • Fraqueza Muscular: Pode haver fraqueza muscular nas áreas afetadas, levando a dificuldades para andar, segurar objetos ou realizar tarefas simples.
  • Perda de Coordenação: A falta de coordenação e equilíbrio pode ser resultado da fraqueza muscular e da perda de sensação.
  • Sensibilidade ao Toque: Em alguns casos, até mesmo um leve toque pode causar dor extrema.
  • Alterações Autonômicas: Se os nervos autonômicos forem afetados, pode haver problemas com funções corporais involuntárias, como pressão arterial, sudorese, digestão e controle da bexiga

Diagnóstico:

O diagnóstico de polineuropatia envolve uma avaliação clínica detalhada, incluindo:

  • Histórico Médico e Exame Físico: Avaliação dos sintomas, histórico familiar e fatores de risco.
  • Exames de Sangue: Para verificar níveis de glicose, deficiências vitamínicas, função renal, etc.
  • Estudos de Eletroneuromiografia ( ENMG): Testes que medem a velocidade e a amplitude dos sinais elétricos nos nervos e a atividade muscular.

A ENMG é importante para definir os tipos de fibras envolvidas (motoras, sensoriais, mista), se o envolvimento é focal (mononeuropatia), multifocal (múltiplas mononeuropatias) ou difuso (polineuropatias) e diferenciar comprometimento axonal de desmielinizante.

Tratamento:

O tratamento da polineuropatia depende da causa subjacente:

  • Controle da Causa Subjacente: Por exemplo, controle rigoroso do diabetes, suplementação vitamínica para deficiências, ou cessação do uso de álcool ou drogas tóxicas.
  • Medicamentos para Aliviar a Dor: Incluem anticonvulsivantes (como gabapentina), antidepressivos tricíclicos e medicamentos analgésicos.
  • Terapia Física: Para melhorar a força muscular e a coordenação.
  • Dispositivos de Assistência: Como órteses e bengalas para ajudar na mobilidade.
  • Tratamentos Imunossupressores: Em casos de neuropatias autoimunes, medicamentos que suprimem o sistema imunológico podem ser usados.

Prognóstico:

O prognóstico varia de acordo com a causa da polineuropatia e a resposta ao tratamento. Algumas formas de polineuropatia podem ser reversíveis se a causa for tratada precocemente, enquanto outras podem ser progressivas e crônicas, exigindo manejo contínuo dos sintomas.

Este é apenas o começo. Nos próximos artigos, vamos explorar mais a fundo sobre esse tema. Não perca as atualizações e continue acompanhando para se manter informado sobre as melhores práticas e novidades. Até a próxima!

DRA. ANA CAROLINA

DRA. ANA CAROLINA

Neurologista e Neurofisiologista
Pós-graduada em Psiquiatria

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