É possível diagnosticar sozinho a Síndrome do Túnel do Carpo?

Para começar, devemos examinar as apresentações clínicas mais comuns da síndrome do túnel do carpo.

1- Sintomas na Distribuição do Nervo Mediano

O indivíduo com Síndrome do Túnel do Carpo geralmente apresenta dor, sensação de queimação, dormência e formigamento nos dedos polegar, indicador e médio (Figura 1). É importante notar que o dedo mínimo permanece sem sintomas, pois está fora da área de influência do nervo mediano. Sintomas nesse dedo estão relacionados ao nervo ulnar, não à Síndrome do Túnel do Carpo.

Figura 1.

2- Sintomas noturnos

Os sintomas noturnos são considerados um indicador positivo para a eficácia do tratamento. Durante o sono, o paciente frequentemente experimenta dormência, dor e parestesias intensas . Esse desconforto pode ser tão significativo que chega a interromper o sono, levando o paciente a sacudir ou apertar a mão na tentativa de aliviar os sintomas.

3- Atrofia Tenar

O paciente pode apresentar fraqueza, falta de coordenação ou atrofia da musculatura tenar (Figura 2). A presença de atrofia tenar geralmente indica um problema crônico. Para identificar essas alterações, recomenda-se comparar a mão afetada com a mão não afetada ou até mesmo com a mão de outra pessoa, como um amigo ou parente, observando possíveis diferenças.

Figura 2.

4- Teste de Phalen positivo

A manobra de Phalen é realizada mantendo o punho flexionado por 60 segundos, o que aumenta temporariamente a pressão dentro do túnel do carpo e pode desencadear os sintomas da condição. Um teste positivo é indicado pela presença de dormência e formigamento na mão e no punho durante o procedimento (Figura 3).

Figura 3.

5- Sinal de Tinel Positivo

Este é um teste provocativo amplamente utilizado para avaliar a compressão do nervo mediano, indicando irritação nervosa. Ao aplicar leves batidas sobre o nervo na região do túnel do carpo, o paciente pode experimentar parestesia que irradia distalmente para os dedos inervados pelo nervo mediano. A presença desse sintoma sugere a Síndrome do Túnel do Carpo (Figura 4).

Figura 4.

6- Teste de Compressão Positiva (Teste de Durkan)

Neste teste, o examinador exerce pressão uniforme com os dois polegares diretamente sobre o nervo mediano do paciente na região do túnel do carpo, mantendo-a por cerca de 30 segundos (Figura 5). A reprodução de sintomas como dor, parestesia e dormência na área de distribuição do nervo mediano distal ao túnel do carpo indica um resultado positivo para a condição.

Figura 5.

Se o paciente apresentar pelo menos três desses seis achados clínicos, a probabilidade de o paciente ter Síndrome do Túnel do Carpo é alta.

Embora o paciente possa identificar sinais sugestivos da Síndrome do Túnel do Carpo por conta própria, é essencial consultar um médico para obter um diagnóstico formal e preciso antes de iniciar o tratamento. Isso é especialmente importante porque outras condições podem mimetizar os sintomas da síndrome, e um diagnóstico incorreto pode atrasar o manejo adequado.

Por exemplo, o paciente pode apresentar a síndrome de duplo esmagamento, na qual um problema adicional ocorre em outro ponto do trajeto do nervo mediano (Figura 6).

Figura 6.

Além disso, condições como hérnia de disco cervical, especialmente no nível C5-C6, podem causar sintomas semelhantes, com padrões de dormência e dor que se sobrepõem aos da Síndrome do Túnel do Carpo. A distinção entre essas condições é fundamental para garantir o tratamento correto e eficaz.

O exame clínico realizado por um médico pode identificar outras condições, como hérnia de disco, que podem estar causando os sintomas em vez da Síndrome do Túnel do Carpo. Por exemplo, a compressão proximal do nervo mediano, como ocorre na Síndrome do Pronador Redondo, pode mimetizar os sintomas da Síndrome do Túnel do Carpo. Na Síndrome do Pronador Redondo, o ramo cutâneo palmar do nervo mediano é afetado (Figura 7), o que compromete a sensibilidade na eminência tenar. Isso contrasta com a Síndrome do Túnel do Carpo, na qual a sensibilidade na face radial da palma da mão permanece preservada.

Figura 7.

Outra consideração é a anatomose de Martin-Gruber, uma conexão entre os nervos mediano e ulnar no antebraço proximal, que pode resultar em achados atípicos no exame clínico.

Figura 7.

Embora o autodiagnóstico da Síndrome do Túnel do Carpo possa levantar suspeitas, ele não é capaz de confirmar ou excluir outros diagnósticos potenciais. Por isso, é fundamental procurar um médico ao perceber qualquer um desses sintomas, para garantir uma avaliação precisa e o tratamento adequado.

DRA. ANA CAROLINA

DRA. ANA CAROLINA

Neurologista e Neurofisiologista
Pós-graduada em Psiquiatria

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